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O impacto da lesão do plexo braquial na plasticidade cerebral

Resumo da pesquisa

Nosso cerebro  possui a capacidade de se modificar em resposta a alterações de comportamento, como consequência da aquisição de novas habilidades ou após lesões, uma propriedade que chamamos de plasticidade. Neste artigo, a atividade cerebral em repouso de pessoas que sofreram Lesão Traumática do Plexo Braquial foi analisada através de um exame de Ressonância Magnética Funcional.

Todos os participantes haviam passado previamente por uma cirurgia de transferência de nervo (no caso, transferência do nervo intercostal - que inerva a musculatura respiratória, localizada entre as costelas, para o nervo músculo cutâneo, que inerva o músculo bíceps, no braço), com objetivo de melhorar os movimentos do braço.

Esse tipo de cirurgia é amplamente realizado. Mas para que a função do braço retorne, os comandos motores (que partem do córtex motor primário - M1) devem se reorganizar em uma nova configuração, afinal o caminho pelo qual o comando motor passa foi alterado pela cirurgia, já que o caminho/via anterior foi danificado pela lesão.

Vários casos de lesão do plexo braquial levam à perda de função motora e sensorial do braço. Embora a reconstrução das vias nervosas periféricas originais não seja possível, a transferência do nervo pode ser realizada para recuperar a função.

Apesar de existirem hipóteses sobre o papel da plasticidade cerebral na recuperação de pacientes com lesão do plexo braquial após esse procedimento de transferência do nervo, ainda não está claro quais os mecanismos envolvidos no processo de reabilitação e até que ponto ele sofre influência de mudanças plásticas no cérebro.

 

A qual pergunta a pesquisa responde?

A pesquisa investigou aspectos da plasticidade cerebral após uma cirurgia de transferência nervosa devido a lesão do plexo braquial. A abordagem escolhida foi a análise da correlação funcional entre as regiões do córtex motor primário que representam  diferentes partes do corpo.

 

Por que isso é relevante?

Entender como o córtex se reorganiza funcionalmente após as lesões traumáticas e a reconstrução cirúrgica do plexo braquial, é crucial para l criar hipóteses sobre o prognóstico e sobre os caminhos da reabilitação.

 

Quais foram as conclusões?

Que os danos causados pela lesão traumática do plexo braquial afetam as conexões de longo alcance e reduzem fortemente a conectividade funcional em M1, especificamente nas áreas que correspondem a representação do braço e do tronco, mas poupando a região de representação do rosto. Possivelmente, essa queda na conectividade reflete uma grande diminuição das  sinergias motoras entre o braço e o tronco.

 

Quem deveria conhecer seus resultados?

Neurocientistas, fisiologistas e profissionais de saúde.

 

ARTIGO

Redução da conectividade funcional dentro do córtex motor primário de pacientes com lesão do plexo braquial

 

AUTORES

FRAIMAN, D. ; MIRANDA, M.F. ; ERTHAL, F. ; BUUR, P.F. ; ELSCHOT, M. ; SOUZA, L. ; ROMBOUTS, S.A.R.B. ; SCHIMMELPENNINCK, C.A. ; NORRIS, D.G. ; MALESSY, M.J.A. ; GALVES, A. ; VARGAS, C.D.


LINK PARA O ORIGINAL

http://dx.doi.org/10.1016/j.nicl.2016.07.008