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A plasticidade cerebral após lesão traumática do plexo braquial em adultos

Resumo da pesquisa

Entre as lesões periféricas mais frequentes hoje nas grandes cidades, a lesão traumática do plexo braquial (LTPB) constitui um comprometimento neurológico provocado principalmente por acidentes motociclísticos que afeta o braço, levando frequentemente a incapacidades físicas e psicológicas e diminuição na qualidade de vida. É uma condição complexa de recuperação lenta e de custo elevado, acometendo principalmente jovens de 18 a 40 anos.

Nós discutimos as mudanças no cérebro associadas a lesões traumáticas do plexo braquial. Essas mudanças estão associadas à  reorganização cerebral tanto em consequência da lesão como ao tratamento cirúrgico e à reabilitação física. Discutimos também uma limitação importante nesse campo de estudo: a falta de medidas sistemáticas para avaliar aspectos clínicos da LTPB. Como esse tipo de lesão é muito complexo e heterogêneo, não se espera que medidas únicas sejam capazes de cobrir todos os aspectos da lesão.

A qual pergunta a pesquisa responde?

Inicialmente, revisamos na literatura  o que já se sabe sobre mudanças no cérebro em casos como os de amputações e lesões traumáticas do plexo braquial, que fazem parte do que chamamos lesões nervosas periféricas. Também discutimos  a plasticidade cerebral decorrente da dor crônica. Vários estudos mostram que:

Esses fenômenos da representação do corpo no cérebro compõem a plasticidade cerebral.

Quais são os resultados principais?

Apresentamos alguns resultados recentes coletados por nosso grupo, focados em medidas fisiológicas da plasticidade após a lesão traumática do plexo braquial.

Há outras descobertas de destaque?

Discutimos uma limitação importante: a falta de medidas sistemáticas que permitam avaliar de maneira fidedigna os  aspectos clínicos associados à lesão traumática do plexo braquial. Como esse tipo de lesão é muito complexo e heterogêneo, não se espera que medidas únicas sejam capazes de cobrir todos os aspectos da lesão. No entanto, os relatos  clínicos para essas lesões são geralmente muito limitados. Como consequência, as principais medidas de plasticidade levam em consideração apenas a função motora residual do membro afetado e as mudanças cerebrais a ela relacionadas para avaliação de resultados.  Essa situação limita ou até impede a transformação  de evidências experimentais obtidas a partir de experimentos realizados em laboratório em ferramentas de impacto na prática clínica.


Que questão segue em aberto?

Um melhor entendimento da história natural da doença, da resposta cerebral à lesão e das mudanças causadas pela reabilitação.

Por que isso é relevante?

Um melhor entendimento dessa lesão pode produzir ganhos funcionais em pacientes através do desenvolvimento de um prognóstico mais acurado e de terapias customizadas mais efetivas. A equipe de reabilitação da lesão traumática do plexo braquial deve, idealmente, ter um bom entendimento das mudanças cerebrais causadas pela lesão, seu tratamento cirúrgico e fisioterapia, para que programas elaborados individualmente possam ser aplicados de acordo com as características da lesão e dos problemas apresentados por cada paciente. Dessa forma, a equipe poderia “guiar” a plasticidade cerebral de modo a obter melhores resultados clínicos.

TÍTULO DO ARTIGO

Plasticity in the Brain after a Traumatic Brachial Plexus Injury in Adults

AUTORES

Fernanda F Torres, Bia L Ramalho,  Cristiane B Patroclo, Lidiane Souza,

Fernanda Guimarães, José Vicente Martins, Maria Luíza Rangel and Claudia D Vargas

LINK PARA O ORIGINAL

https://www.doi.org/10.5772/intechopen.77133