Muitos fatores podem influenciar a recuperação do nervo lesionado. Saber quais foram os nervos afetados e o tipo de lesão (se o nervo foi arrancado da raiz, se foi cortado ou estirado) pode dar uma ideia de qual caminho seguir na recuperação e direcionar o tratamento.
As lesões menos graves, em geral, acontecem quando o nervo é estirado/puxado ou comprimido, mas não se rompe. Nesses casos, os nervos podem ou não se recuperar sozinhos. A recuperação dos nervos é bastante variável, e pode levar até alguns anos de acordo com a gravidade da lesão.
As lesões mais graves envolvem o rompimento do nervo, quando há perda da continuidade do mesmo, e arrancamento, também chamado de avulsão, quando o nervo é arrancado pela sua raiz na medula espinhal. Nesses casos é possível o reparo por cirurgia.
O tempo decorrido entre a lesão e a cirurgia é um fator que influencia muito a recuperação dos nervos e consequentemente, dos movimentos. Por isso, é importante que o diagnóstico e os exames sejam feitos rapidamente. Ainda assim, existem casos em que os nervos não podem ser reparados.
Em geral, as cirurgias são realizadas num período de 6 a 12 meses após a lesão. É consenso hoje na clinica que quanto antes for realizada a cirurgia, maior a chance de sucesso. A realização da cirurgia antes dos 6 meses é recomendada, mas melhor momento é estabelecido pelo exame clínico e pelos exames neurofisiológicos.
As cirurgias realizadas com maior frequência são os enxertos nervosos (procedimento cirúrgico usado para transplantar tecidos) e as transferências de nervos.
Outros tipos de operações são possíveis em um estágio mais avançado (meses ou anos após a lesão), mas em geral elas não são voltadas primariamente para a recuperação do nervo, mas sim para auxiliar o uso da função motora remanescente (transferências musculares e tendíneas, artrodeses, e outras)
Veja como funciona cada um dos tipos de cirurgia:
Enxerto nervoso – Quando o nervo é rompido, as extremidades dele podem ficar esgarçadas e devem ser cortadas para que o nervo possa ser reparado/religado. Para que o reparo seja feito, são utilizados enxertos retirados de outros nervos (de um nervo da perna, por exemplo).
O enxerto vai servir como um guia para o crescimento do nervo danificado, um processo que pode ser bastante lento, o que faz com que o tempo de recuperação seja frequentemente longo.
Transferência nervosa – Neste caso, um nervo não lesionado do próprio plexo (quando possível) ou de uma região próxima, é ligado diretamente ao nervo lesionado para restabelecer a função motora do nervo afetado. E necessário um treinamento fisioterápico intenso para reaprender a movimentar o braço com a nova conexão nervosa.
Após a cirurgia, normalmente o membro superior é imobilizado um período de 4 a 6 semanas. A imobilização é um cuidado importante porque a cirurgia é um procedimento delicado, onde os nervos são religados e o local do reparo pode se romper novamente se houver excesso de movimento. O tempo de imobilização é necessário para que o reparo do nervo se efetue.
O tempo exato será determinado pela equipe clínica. Siga sempre as recomendações da equipe clinica e NÃO retire a imobilização sem a orientação médica.
O uso de tipoias e outros dispositivos do gênero, dá suporte ao braço lesionado e serve para garantir a imobilização quando necessário.
As tipóias e os dispositivos de suporte ajudam a manter a posição correta do braço e do ombro e a evitar movimentos indesejados. No geral, o tempo pelo qual seu braço precisará ser imobilizado vai depender da gravidade da lesão e da recuperação de outras lesões que possam estar associadas, como um deslocamento do ombro e fraturas em ossos do braço.
Muitos pacientes se sentem mais confortáveis e seguros utilizando tipoias, mas lembre-se que é importante evitar o desuso e atrofia dos músculos e a rigidez das articulações. Pergunte ao seu médico quais os movimentos que você pode realizar durante a imobilização e inclua esses movimentos na sua rotina.
Algumas recomendações sobre o uso de tipoias:
ATENÇÃO: Siga sempre as recomendações médicas.
A dor é uma experiência física e também emocional. Ela funciona como um sinal de alerta que nos avisa que algo está errado. A dor aguda é um evento repentino e rápido, com duração de algumas horas até algumas semanas. Já a dor crônica é persistente e tem maior duração (maior que 6 meses ou maior que o tempo esperado para a cura de uma lesão). A maioria dos indivíduos com lesão traumática do plexo braquial sente dor, e esta pode se tornar crônica.
A dor pode ser separada em dois tipos: a dor nociceptiva e a dor neuropática.
A dor nociceptiva é causada pela presença de um estímulo doloroso (por exemplo, um ferimento ou uma queimadura superficial, fraturas, contratura muscular). Esse tipo de dor tem a função de alertar sobre um perigo iminente ou sobre o aparecimento de lesões ou danos no corpo e normalmente ela melhora com a recuperação da lesão e/ou ferimento.
Já a dor neuropática tem origem na lesão das fibras nervosas. As características da dor neuropática são muito peculiares, como sensações de queimação, de frio doloroso e choque elétrico, e pode ser acompanhada por formigamento, agulhada, adormecimento e coceira.
O tratamento da dor neuropática pode envolver medicamentos analgésicos mais potentes e também medicamentos utilizados para outras patologias, como depressão e epilepsia.
A fisioterapia após uma lesão traumática do plexo braquial tem como objetivos recuperar as funções sensoriais e motoras do indivíduo e evitar ou minimizar as deformidades articulares e alterações musculares, como encurtamentos e atrofia, visando maior independência e melhor qualidade de vida.
O tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado precocemente. Nos casos cirúrgicos, é importante a abordagem ainda no período pré-operatório. A fisioterapia visa a recuperação da força muscular, restauração ou manutenção da mobilidade das articulações e da flexibilidade dos músculos, prevenção de deformidades e alterações posturais, melhora da dor e treino das atividades do dia a dia que estiverem comprometidas.
A lesão do plexo braquial é uma experiência que pode vir a trazer muitas mudanças para a vida. Podem ocorrer alterações na condição geral de saúde, como o aparecimento de insônia, fadiga, perda de apetite, ganho ou perda de peso, e também mudanças nas atividades diárias (andar, se alimentar, se vestir, usar o banheiro, cuidar da casa).
A esses fatores somam-se ainda as questões psicossociais como a diminuição da autoestima, ansiedade sobre o tratamento, alterações no corpo, perda de controle e independência sobre as atividades do dia a dia, problemas de concentração e de memória, problemas com a libido, frustração, raiva, culpa.
É importante procurar ajuda para lidar com essas e outras questões.
A psicoterapia é um trabalho conjunto no qual se é ajudado a explorar e administrar a vida pessoal, de maneira privada e confidencial. O acompanhamento psicológico pode ajudar a lidar com as reações ao diagnóstico, e também com questões familiares e pessoais.